Polícia fecha cerco a quadrilhas
26 de outubro de 2008 | N° 15770 | Jornal Zero Hora
FURTO E ROUBO DE VEÍCULOS SA
Polícia fecha cerco a quadrilhas
Para tentar tirar de Porto Alegre o título de capital do roubo de veículos no país, a Polícia Civil realizou quatro operações entre agosto e outubro que resultaram na prisão de 50 suspeitos, sendo que 35 deles permanecem atrás das grades. Ao investir no combate a quadrilhas que atormentavam os gaúchos na Região Metropolitana, os resultados já aparecem nas estatísticas oficiais: o roubo – foco de três das quatros ações mais recentes – caiu 14,6% no período.
Ao casar imagens de vídeo e fotos com conversas de suspeitos interceptadas por escutas telefônicas, a Polícia Civil (PC) conseguiu mais do que apenas identificar os supostos integrantes de bandos que agiam no Estado – reuniu provas para convencer a Justiça a mantê-los presos. Na maior ação feita no segundo semestre pela Delegacia de Roubos de Veículos (DRV), a Operação Autotráfico, por exemplo, o juiz atendeu ao pedido de manter 20 dos 26 indiciados presos, aqueles que eram considerados os mais perigosos.
Em sua decisão, o juiz plantonista Hilbert Maximiliano Akihito Obara afirmou que o trabalho da PC garantiu “provas da existência dos fatos e indícios suficientes da autoria”. Destacou ainda que a investigação apontou elementos de que “os indiciados são de alta periculosidade, indicando que se continuarem soltos, terão os mesmos estímulos para a prática delitiva, devendo ser acautelados do meio social”.
– Pedimos a prisão preventiva da maioria dos indiciados porque eles comprometeram e colocam em risco a ordem econômica, causaram prejuízo aos proprietários de veículos, às seguradoras – explica Heliomar Franco, da Delegacia de Roubos de Veículos.
Juiz destaca qualidade das provas obtidas
Para atingir os resultados, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) adotou método semelhante ao usado pela Polícia Federal em suas investigações: no lugar de prender o suspeito assim que ele for identificado, a polícia passa a rastrear seus contatos criminosos.
– Em agosto, seguimos suspeitos, levantamos locais, fotos, vídeos e interceptações telefônicas. Retardamos a ação, deixamos os criminosos agirem, como nos ampara a lei específica para o combate ao crime organizado, para reunirmos provas – revela Heliomar.
O efeito da investigação mais completa e do rigor do Judiciário pode ser apenas anestésico. Mesmo que peça para os suspeitos permanecerem presos, a polícia sabe que, dificilmente, eles ficarão recolhidos na cadeia por mais de 81 dias. A limitação não está prevista em lei, mas é a estipulada pelo Judiciário para prisões preventivas, levando em consideração o prazo legal de um processo. Mas já é um alento.
– Por enquanto, na cadeia, eles não estão roubando carros – afirma o delegado Heliomar.
Com a experiência de quem atuou por mais de cinco anos no plantão do Fórum Central, o juiz Mauro Borba, titular da 8ª Vara Criminal de Porto Alegre, ressalta que a manutenção dos suspeitos na cadeia revela a qualidade das provas obtidas pela polícia.
– Os juízes que deferiram os pedidos de prisão preventiva entenderam que foi provada a necessidade de mantê-los presos. Mas isso pode mudar em nova avaliação, após recursos da defesa – avisa o magistrado.
francisco.amorim@zerohora.com.br
FRANCISCO AMORIM
Agosto |
OPERAÇÃO AUTOTRÁFICO |
21 de agosto |
Realizada pelo Deic, desarticulou grupo que supostamente roubava veículos no Estado e levava para o Paraguai. Mais de 230 agentes participaram da ação em oito municípios metropolitanos, além de uma cidade em Santa Catarina e outra no Paraná. |
Os automóveis e os utilitários de luxo eram clonados em despachantes de Esteio e Canoas e levados para o Paraguai, para Santa Catarina e alguns municípios gaúchos. Parte do bando roubava cargas na Região Metropolitana e repassava a comerciantes. |
Prisões: 26 pessoas. |
Situação: todos indiciados e denunciados. Vinte suspeitos continuam presos. |
Setembro |
OPERAÇÃO ANÚNCIO |
2 de setembro |
Em Alvorada e Esteio, desarticulou bando que supostamente roubava, clonava e vendia veículos na Capital. Participaram da operação 30 agentes. |
Prisão: seis pessoas. |
Situação: todos indiciados e denunciados. Quatro continuam presos. |
OPERAÇÃO CLONE |
29 de setembro |
Realizada pela 1ª Delegacia da Polícia Civil de Novo Hamburgo, com apoio do Deic, no Vale do Sinos e em Santa Catarina. O grupo supostamente furtava e roubava carros no Vale do Sinos e no bairro Bela Vista, em Porto Alegre, e os levava para um receptador de Santa Catarina. |
Prisão: seis pessoas. |
Situação: todos indiciados, mas respondem ao processo em liberdade. |
Outubro |
OPERAÇÃO INHANCORÁ |
15 de outubro |
Em Viamão, os suspeitos supostamente formavam, segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), a principal quadrilha da Região Metropolitana especializada no furto de veículos mais velhos, com mais de 10 anos, cujo o destino eram os desmanches. |
Viamão servia de base de operações da suposta quadrilha que começou a ser investigada em março. A Secretaria da Segurança Pública constatou uma distorção alarmante na estatística criminal no município: era uma das principais cidades em recuperação de veículos (540), mas com índices de furto e roubos de carros menor (160). Ou seja, carros furtados em outras cidades eram levados para lá. |
Prisão: 12 pessoas |
Situação: todos indiciados, 11 deles continuam presos |
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